Thursday, December 14, 2006

Malabarismos de mobilidade

Quando falava com uma amiga minha sobre o processo de Bolonha ela tentava-me mostrar o bom que vai ser a globalização estudantil imposta e o como irá permitir que exista uma mobilidade para trabalhar em qualquer país Europeu com habilitações literárias equivalentes.
Na verdade o que ela diz é correcto, é essa a ideia que paira no ar, mas é preciso ver um pouco mais além.
A possibilidade de haver mobilidade de estudantes, ou de trabalhadores pela Europa ou pelo mundo parece-me ser bastante positivo, mas só se esta mobilidade for uma mobilidade voluntária.
Uma pessoa que tenha boas condições no seu país para exercer a sua profissão e viver condignamente, mas mesmo assim o prefira fazer num outro país, é um exemplo de mobilidade voluntária, e tem esse direito.
Agora, alguém que por não ter condições ou hipótese de trabalhar onde tem vocação e de ter uma vida com dignidade, tem de ir para um outro país, que provavelmente se fortaleceu economicamente às custas de outros, isso é mobilidade forçada.
Já para não falar do também preocupante poder, que é dado às grandes empresas de deslocar as suas fábricas e os seus trabalhadores.
O Processo de Bolonha é mais uma medida para globalizar a Europa e torna-la mais “Homogénea”.
Não deveriam preocupar-se primeiro com a dignidade da pessoa humana, e com o respeito pelos direitos do homem, que são tantas vezes violados? Não deveriam preocupar-se com os jovens, que vêem o direito a uma habitação própria ser lhes quase negado, impossibilitando assim a possibilidade de construir a sua vida?
Só quando todos os países garantirem a todos os seus habitantes, possibilidade de uma vida digna e recompensante, a mobilidade será voluntária e correcta.
A nossa Europa perfeita está bem longe disso. Faz com que para muitos o objectivo seja tentar sobreviver, e vencer na vida a qualquer custo, seja conseguir o que querem e acham ter direito. Faz com que cultivem o espírito do individualismo e do capitalismo. O “País está de tanga”, é cada um por si.
Triunfar, mesmo que seja às custas da derrota da dignidade e do amor humano, pois isso não importa, a Europa é do Capital, e esse não perdoa quem não gira em seu torno.Os grandes crescem cada vez mais, e os pequenos fingem não decrescer…
É necessário olhar para esta Europa que construímos a cada dia. Parte de cada um não se vender aos Euros e deixa-los dominar a sua vida, mas sim pô-los ao serviço da sua vida.
O Capital tem de estar ao serviço do Homem, e não o Homem ao serviço do Capital.
Também publicado em Jocgira.blogspot.com

Tuesday, December 05, 2006

Com a verdade nos tramam

No outro dia, lia num blog de um amigo um artigo intitulado de “Esperança” que o primeiro para paragrafo me chamou à atenção e que passo a transcrever «Actualmente o poder económico esconde debaixo de uma mascara um rosto criminoso.». Isto, e vendo a situação politica e económica em Portugal, não podia estar mais correcto.
Em Portugal, vivemos uma “linda” democracia, que esconde uma ditadura capitalista, que em todos os aspectos põem o poder do capital à frente de todo o Homem, e de todos os valores humanos que o deveriam defender. Vivemos uma democracia, que canta em plenos pulmões a libertação de todos os proletários, que defende a paz e dignidade para toda a humanidade, mas que aprisiona e oprime os seus cidadãos pelo poder do dinheiro. O que é ainda pior, pois é nos permitido revoltar, mas se o fizermos as consequências podem ser terríveis.
Vejamos, todos os dias somos confrontados com a historia do vizinho que trabalhava à 30 anos na empresa e que ontem chegou à Fábrica e estava fechada, ou com a historia daquele rapaz, ou rapariga, que não conseguiu trabalho em lado nenhum, e teve de recorrer a empresas de trabalho temporário, ou até mesmo do nosso amigo ou filho que acabou o curso na Universidade, e nem nos temporários arranja trabalho, por qualificações excessivas…E o que fazemos contra isto… Manifestações, greves, abaixo assinados… Tudo meios válidos, mas de que nada valem!
A ditadura nem treme. As Greves, chegam até a ser ridicularizadas pela fraca adesão que têm. Fraca adesão muitas vezes provocada pelo medo imposto pelos "grande chefes". A greve dos trabalhadores da “metro” devia servir de exemplo de como o poder do capital também cede aos pés do operariado.
Eles trazem-nos pela trela e bem curta.
Toda a gente sabe que há Homens no desemprego, famílias destroçadas. No entanto espanta-me como Jovens se propõem a fazer horas intermináveis, ou e ter dois empregos, só pela ânsia de ter mais dinheiro, quando não necessitavam.
Está implementada a consciência do “Salve-se quem conseguir”, dinheiro a qualquer custo, ter mais para ser maior. Que interessa que isso possa estar a tirar a casa a alguém.
É uma burrice tremenda, esta instabilidade provoca uma cobardia, medo, um consentimento, perante as condições impostas pelo patronato, e fortalece-os para poderem transformar os operários em marionetas de pau.
É urgente educar para a cidadania. É urgente fazer frente, não nos acomodarmos.Cada Homem, tem de estar consciente que tem capacidades e qualidades que fazem dele uma peça necessária e importante para a comunidade.
Só através deste espírito de comunidade e de união é possível desmascarar esta farsa. Acção e coerência nos actos, coragem para criticar e desmascarar o poder capital, mas força para não cedermos a ele.
Todos temos uma palavra a dizer, todos somos responsáveis por todos, todos temos de agir.
É URGENTE faze-lo antes que seja tarde demais.
Também Publicado em JOCGIRA.blogspot.com